UM PRATO UMA HISTÓRIA

Croque monsieur, francês ou belga?

Foto de banco de imagem.

O croque monsieur é uma criação recente, e parece ter sido perfeita para a sua época, o final do século XIX. Pois é perfeita até hoje, em tempos de ritmo frenético. A criação nada mais é do que um sanduíche: finas fatias de queijo gruyère, uma de presunto, entre duas fatias de pão amanteigado tostado ou frito em manteiga dos dois lados, até que ele fique crocante e o queijo derreta.

Sanduíche simples e delicioso, ideal para um almoço rápido, no início do século XX era considerado também um prato elegante. As enciclopédias gastronômicas francesas garantem que o croque monsieur, de autoria incerta até hoje, é uma criação francesa. Mas outros autores como William Sitwell, em seu A história da culinária em 100 receitas, conta uma versão interessante e diferente. De fato, e nisso todos concordam, o aumento do número de cafés em Paris – reflexo do otimismo quanto às inovações tecnológicas e à ciência no período anterior à I Guerra Mundial (a Belle Époque) -, aliado ao almoço mais corrido, resultou em uma novidade nos cardápios, o croque monsieur. Especificamente, em 1910, no menu de um café no Boulevard des Capucines. Rapidamente, o sanduíche se espalhou pelos cafés de toda a França.

Mas, ao que parece, a receita não vem daí. Segundo Sitwell, em 1915 ela apareceu num livro de cozinha belga. De acordo com a autora, Brian Luck, os pratos ali reunidos foram enviados de todos os cantos do Reino Unido por refugiados belgas, que se abrigaram no país quando da invasão alemã à Bélgica. Eram mais de 250 mil refugiados, e qualquer um podia ser o criador do croque monsieur!

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O livro sugere o sanduíche como entrada, não como lanche no almoço, como foi consumido depois. Em seu famoso livro Em busca do tempo perdido, o escritor francês Marcel Proust, muito detalhista quando o assunto era comida, falou sobre ele, dando a ideia de um prato elegante e sofisticado.

Há diversas versões e derivações do croque monsieur. A mais famosa é o croque madame, uma invenção posterior, que leva frango ou ovo frito por cima do pão. O molho bechamel, feito também com gruyère, que é colocado sobre o sanduíche que é então, gratinado, é a versão mais suculenta. O croque monsieur pode também ser lambuzado em ovo antes de ser frito, tal qual uma rabanada.

Há quem substitua o presunto por frango, o gruyère por gouda e inclua fatias de tomate e até de abacaxi. Qualquer que seja a variante, o fato é que o sanduíche segue sendo um clássico nas modernas cafeterias.

 

por aipim