Experiência, em toda amplitude de seu significado, representa bem a restauratrice Cristiana Beltrão. A começar pelos 22 anos à frente do Bazzar, restaurante carioca que acompanha, sem arroubos e com segurança, as tendências da restauração.
Pesquisadora voraz, Cristiana não limita o conhecimento ao cotidiano em suas casas – a “matriarca” no bairro de Ipanema e os filhos menores, as unidades do Lado B Bazzar, dentro de duas lojas da Livraria da Travessa. Investe, como poucos, em viagens a diferentes cantos do globo, para absorver o máximo de experiência que bares e restaurantes podem lhe proporcionar. E, assim, peneirar as melhores ideias para trazer na mala.
Seu olhar atento sobre a movimentação gastronômica também é compartilhado com leitores da Veja Rio, revista da qual é colunista. E seu paladar apurado, aproveitado na criação de produtos da marca própria e na curadoria de produtos artesanais para a loja virtual Deli Bazzar.
Nesta rica trajetória, Cristiana mostra que nem tudo são flores, mas que mesmo os tropeços fazem parte da experiência.
ERREI
“Posso dizer que houve muito mais erros do que acertos, nesses 22 anos. Mas um, especificamente muito traumático, foi o de escolher ter um lugar num espaço público.
Em 2001, entramos num prédio tombado pelo Iphan, em parceria com a Livraria da Travessa, na [avenida] Rio Branco [no centro do Rio de Janeiro]. Apaixonada que sou pelos prédios históricos, decidimos estabelecer um Bazzar Café num prédio que era a sede do Iphan.
Tivemos 11 anos de um negócio muito feliz e passamos por uns nove gestores que foram entusiastas de nossa presença. Apesar de termos todas as licenças legais necessárias, inclusive a do Corpo de Bombeiros, um dos gestores decidiu que não ‘deveria mais’ haver cocção num prédio tombado.
Numa canetada, meu negócio foi fechado de dezembro para janeiro e 39 pessoas perderam o emprego assim, do nada, graças à opinião de um gestor. Contratos públicos são frágeis para a ponta que não é o Estado. Decidi, a partir de então, jamais ter um negócio em um espaço público.”
ACERTEI
“O grande acerto foi não ter feito delivery quando veio a pandemia, já que meu negócio não tem essa vocação. Ao contrário, decidimos fazer uma cadeia virtuosa, revendendo os pequenos produtores que sempre privilegiamos, e demoramos muito a achar, na nossa Deli Bazzar, que só trabalha com produtos com a procedência da região Sudeste, locais e sazonais, como a marca. Foi um imenso acerto.”
Site: bazzar.com.br
Instagram:
por aipim